09 fevereiro, 2010

A TERRA A QUEM A TRABALHA



FOTO DAQUI

Pela importância e oportunidade do texto, pelo que ele representa para as gentes desta casa, porque as recordações destes tempos são demasiado boas para deixarmos apagar da memória colectiva, aproveitámos esta ideia , vasculhámos o texto e aqui fica um excerto de algo que vale mesmo muito a pena ler.
"Tinha 28 anos quando obteve aí emprego para ajudar ao sustento da casa e dos dois filhos do casal e lembra-se bem como a vida mudou com a ocupação das terras em 1975.
"Foi uma mudança radical", diz, e não é difícil de acreditar quando conta como era o cenário da sua segunda década de vida: "Fui trabalhar para o campo aos 13 anos num mês de Maio, a ceifar de sol a sol e logo à primeira vez que usei a foice cortei-me no dedo".
Participou na luta pelas 8 horas de trabalho adolescente e, adulta, noutras lutas para evitar a liquidação da Reforma Agrária. Agora, trata dos documentos que um dia serão estudados e, ao rever esses nomes, é-lhe impossível esquecer a dureza desses tempos de pobreza extrema antes da ocupação das terras:
"Éramos nove irmãos a dormir em duas camas, uma sardinha a dividir por cada três e os primeiros sapatos vieram de uma prima quando já estava na escola. Ainda me lembro de que quando chovia a água entrava por um buraco dos botins e fazia um barulho que gostava de ouvir. Eram 7 km até à escola e outros tantos no regresso nos dias em que ia estudar. Só tinha medo das vacas que encontrava no caminho."
"Os GNR armados e a cavalo, os cães com os dentes de fora e muita gente aos gritos, mas eu e a minha irmã estávamos sempre lá na frente para grande susto da minha mãe. Éramos gaiatas e fugíamos com facilidade, os que não conseguiam fugir pela linha do comboio a tempo ficavam com vergões nas costas", conta, das memórias que tem da entrega da herdade do Monte Branco. Enquanto relata estes tempos, a sua filha Helena sorri e estranha, porque já não viveu nem consegue entender o motivo destes confrontos, que tiveram uma razão de ser mas que hoje em dia pouco dizem aos que vivem nas terras que durante alguns anos mudaram de mãos. "

1 comentário:

Max disse...

Há que fazer a verdadeira história dos crimes cometido pela direita unida, como sempre PS + PSD + CDS, foram os responsáveis pela liquidação desta grande conquistas dos trabalhadores agricolas do Sul.