FAMILIA POBRE

Vai, Fernando, meu filho, vai à escola
Vai aprender a ler para seres um homem.
Lá aprenderás o que são as estrelas, a vida.
Mete este pouco de pão na sacola, junto com o livro e o caderno.
Ah! Quanta pena por ires tão mal vestido, tão sem conforto.
E tão distante. Que estrada tão comprida!
Para mais, em pleno inverno.
Os teus sapatos estão gastos, o fatinho roto.
Mas não chores! A mãe te comprará uns novos.
Não sempre assim; tenho esperança.
Tudo há-de mudar, quando os povos, olhando para si próprios, tenham confiança no seu poder realizador capaz de transformar a face da terra.
Nesse dia, todas as crianças aprenderão a ler e em todos os lares haverá Pão e Amor.
E não haverá mais guerras, tudo será melhor.

Francisco Miguel Duarte ( mestre Xico - 1960)

Qualquer semelhança à nossa realidade ( 2009), é mera ficção!

O PORQUÊ DE ABRIL

Os jovens de hoje desconhecem

porque houve uma revolução

nem sabem que suas vidas

são poupadas desde então.

Não terminou só a guerra

podes exprimir-te livremente

foi tão belo poder ver

de mãos dadas tanta gente.

A miséria era maior

antes havia mais dor

apenas o filho do rico

conseguia ser doutor.

Mas cuidado, fiquemos alerta

porque muitos estão tentando

e com palavras bonitas

já nos estão enganando

E levam-nos de mansinho

a esquecer a revolução

e sem nós dar-mos por isso

voltamos à escravidão

É por isso que aqui vim

para ajudar a lembrar

para que o nosso 25 de Abril

Nunca possa terminar

Catarina Pedro

Só voto onde eles não querem

António Revez, aos 86 anos continua a viver em S. Sebastião dos Carros no Concelho de Mértola.

Foi dirigente de uma Unidade Colectiva de Produção e do Secretariado das UCPs e Cooperativas do Distriro de Beja.

É miltante do PCP.

Hoje longe do mundo devido á doença, à idade e ao isolamento a que sucessivos governos de direita condenaram o Concelho bem como a Câmara de Mértola liderada pelo Partido Socialista nestes últimos oito anos, este homem mantém a lucidez e a consciência de classe de um homem que como se diz por aqui, "passou as passas do Algarve".

As suas simples palavras são lições de vida, quando muitos nesta altura em que se aproximam três actos eleitorais se questionam e dizem que se não for o PS a ganhar será o PSD e isso será a mesma coisa, o que não deixando de ser verdade, é uma meia verdade, pois qualquer cidadão pode mudar o seu sentido de voto, basta seguir o raciocínio deste homem que numa conversa de desconhecidos me disse:

- Eu só voto onde eles não querem!

Isto é bom de ver, se os ricos votam no CDS, no PPD e no PS eu cá só voto no PCP.

A isto chama-se consciência de classe e por isso estes homens e estas mulheres, sempre que se sentem um pouco melhores, mesmo com problemas de mobilidade, de próstata, de diabetes, de hipertensão, etc. Continuam a lutar, continuam a estar presentes como estiveram em Baleizão na inauguração do monumento "Força de um povo" de que eles foram e são exemplo, bem como estiveram na Homenagem a Catarina Eufémia, na grande Marcha da CDU em Lisboa e no grande comicío da CDU que se realizou em Beja no Cine Teatro Pax Julia no Domingo passado.